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A partir do dia 19 de julho de 2012, o Rio de Janeiro sedia a II mostra Vide Urbe – uma mostra itinerante totalmente dedicada à videoarte em espaços públicos no Rio de Janeiro. Artistas convidados, além de artistas selecionados por chamada pública, e artistas e coletivos parceiros, participarão com trabalhos artísticos que vão explorar, como suporte, as múltiplas peles da cidade, em especial suas praças- pontos de encontro, de fluxos e vivências de seus habitantes. Vide Urbe propõe o espaço público urbano como uma experiência aberta de apreciação artística, articulando novos territórios, interações e proposições estéticas para a videoarte contemporânea. A cada edição da mostra, vamos explorar, como suporte e interface, as 'peles' superexpostas da cidade: suas arquiteturas, relevos e texturas próprias, bem como as interferências multissensoriais geradas por seu cotidiano.


Na interface com a cidade e seus múltiplos dispositivos de encontro, reinvenção e construção do comum, Vide Urbe aposta na potência do vídeo nas ruas, praças e outros espaços vitais de convivência das diferenças, como uma linguagem expandida através de abordagens artísticas híbridas e plurais. Falar de vídeo, nesse contexto, inclui produções que transbordam as possibilidades da imagem em movimento, sua temporalidade, plasticidade, interatividade, espacialização e circulação. A experiência cinemática é permeada por diversas tecnologias e situações, ampliada pelos deslocamentos dos espaços e circuitos tradicionais, e em plena difusão através do maior acesso aos seus meios de produção. Seu lugar na arte contemporânea também tem transformado sua própria teoria, de modo a pensarmos a imagem também como fenômeno, interseção de forças, relações e afetos.

Vide Urbe é a primeira mostra itinerante totalmente dedicada à videoarte em espaços públicos no Rio de Janeiro. Motivada pela minha própria experiência como artista atuante nesse campo, e também pelo desejo em comum com tantos outros artistas e grupos, buscamos criar contextos que viabilizem e difundam trabalhos de vídeo em conexões poéticas com os territórios abertos e coletivos da cidade, o que naturalmente alarga e renova os circuitos de produção e assimilação para a arte contemporânea. Com a programação da Plataforma Vide Urbe + artistas e coletivos associados, formato independente da II Mostra em junho deste ano, também abrimos espaço para a experimentação dos projetos inscritos em nossa chamada pública. Nesse sentido, somos também um grupo aberto de estudos interdiscilplinares, compartilhando ferramentas e conhecimentos que dão suporte aos projetos artísticos - desde o fluxo constante de saberes produzidos em torno da urbe, até a interlocução com as propostas em termos estéticos, conceituais e tecnológicos. Mesmo que desenvolvidos a priori para tais espaços, a ocupação artística e o contato com o público transeunte podem sempre reservar mais efeitos a posteriori: campos de experiência também capazes por vezes de absorver ou redesenhar a paisagem da cidade, ou mesmo uma zona autônoma temporária, articulando encontros ou redes inusitadas de convívio, propiciadas pela instalação da imagem em movimento no espaço.

Através de uma curadoria colaborativa com os artistas e projetos, estimulamos trabalhos capazes de criar novas visibilidades sobre a paisagem urbana, entendendo-a como rede de trocas, pensamento, transformações, tensões, e de atravessamentos estéticos e políticos contemporâneos. Em contato direto com a rua, os vídeos se voltam a um público de passagem, provocando percepções ainda mais heterogêneas sobre a construção de suas poéticas próprias. Como o artista pode agir sobre essa paisagem, concreta e ao mesmo tempo discursiva? Que espaços outros, ou contínuos, podem ser criados na interface do vídeo com as peles superexpostas da cidade? Por que ainda produzir imagens num mundo hiper habitado por imagens?

Moana Mayall, idealizadora e curadora independente





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